Dois instrumentos para conhecer os estilos e as estratégias de aprendizagem dos estudantes: o questionário de Mariani e o inventário de Oxford

Na sala de aula de língua estrangeira (LE), sob uma perspectiva de ensino-aprendizagem que leve em consideração as diferentes maneiras pelas quais os discentes constroem conhecimento, é muito importante que nós, docentes, conheçamos os estilos e as estratégias de aprendizagem dos alunos. Com o escopo de conhecer tais estilos e estratégias, podemos empregar, por exemplo, questionários como instrumentos de coleta de dados.

é muito importante que nós, docentes, conheçamos os estilos e as estratégias de aprendizagem dos alunos.

Dentre os diversos questionários sobre estilos de aprendizagem, podem ser mencionados os seguintes: o teste VAK (Visual, Auditory, Kinesthetic), o questionário elaborado pelos professores Felder e Soloman (1993) e o questionário proposto pelo professor Luciano Mariani (2000).

Esse último, a meu ver, trata dos estilos de aprendizagem de forma abrangente, visto que não os reduz à dimensão sensorial. Além disso, mostra-se como um instrumento de coleta de dados de fácil utilização na sala de aula, pois pode ser impresso e entregue aos aprendizes para que o respondam durante a aula ou em casa. Ademais, eles mesmos podem calcular a pontuação resultante de suas respostas para descobrirem quais são os seus estilos de aprendizagem predominantes.

O questionário de Mariani foi escrito, originalmente, em italiano, mas, depois, foi traduzido para o inglês pelo próprio autor. Em minha tese de doutorado, intitulada Dos estilos e estratégias de aprendizagem à didatização de materiais para o ensino do italiano língua estrangeira na pedagogia pós-método, fiz uma tradução desse questionário para o português.

Na pesquisa que resultou em minha tese, empreguei o referido questionário nas aulas de italiano de um grupo de dez discentes iniciantes no estudo dessa LE, e esse instrumento de coleta de dados possibilitou-me conhecer melhor os diversos modos de aprender dos alunos. Além disso, esse questionário também fez com que os estudantes pudessem refletir sobre as suas maneiras de aprender, o que parece tê-los ajudado a melhorar a sua aprendizagem da língua-alvo.

esse questionário também fez com que os estudantes pudessem refletir sobre as suas maneiras de aprender, o que parece tê-los ajudado a melhorar a sua aprendizagem da língua-alvo.

No que concerne aos instrumentos de coleta de dados usados para a investigação das estratégias de aprendizagem dos discentes e, mais especificamente, para a investigação de estratégias de aprendizagem de línguas, o inventário elaborado por Oxford (1989) parece ser um dos mais amplamente utilizados em variados contextos de ensino-aprendizagem de línguas. Isso explica o fato de ele ter sido traduzido para muitas línguas, entre as quais, o português.

Em minha tese, empreguei esse inventário e, para usá-lo não só como um instrumento de coleta de dados, mas também como um instrumento de ensino-aprendizagem da LE, traduzi-o para o italiano. Esse instrumento e as atividades didáticas decorrentes dele (uma lista coletiva de estratégias de aprendizagem produzida pelos alunos e um jogo sobre estratégias de aprendizagem elaborado por mim, o qual pode ser visualizado na fotografia abaixo) fomentaram o desenvolvimento de reflexões sobre o “aprender a aprender” línguas por parte dos discentes. Tais reflexões foram desenvolvidas, sobretudo, na língua-alvo, o que fez com que essas estratégias se tornassem, de certa forma, conteúdo das aulas.

Jogo sobre estratégias de aprendizagem / autora: Daniela Vieira

Assim, com base na experiência que tive com os meus estudantes, a qual descrevo na tese já citada, posso afirmar que, para os professores de italiano LE (e de outras línguas) que queiram conhecer melhor os diferentes modos de aprender de seus alunos e, ao mesmo tempo, auxiliar os discentes a desenvolver reflexões sobre como eles aprendem e sobre como podem melhorar a própria aprendizagem da língua-alvo, tanto o questionário de Mariani (2000) quanto o inventário de Oxford (1989) são instrumentos bastante profícuos.

Para informações mais detalhadas, podem ser consultados os seguintes sites:

Como citar este artigo (ABNT):

VIEIRA, Daniela Aparecida. Dois instrumentos para conhecer os estilos e estratégias de aprendizagem dos estudantes: o questionário de Mariani e o inventário de Oxford. EIIPIB_virtual [blog]. Publicado em 21 maio 2018. Disponível em: <http://www.eiipib.org/wordpress/?p=1579>. Acesso em: dia mês ano (em que voce acessou o artigo)

Sobre a autora:

Daniela Aparecida Vieira é doutora e mestra em Letras (Língua, Literatura e Cultura Italianas) pela Universidade de São Paulo (USP), especialista em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), bacharel e licenciada em Letras (Italiano-Português) pela USP. É autora do livro O uso de materiais autênticos nas aulas de italiano como língua estrangeira: teorias e práticas, publicado pela editora Nova Alexandria (2012). É professora de italiano e de português desde 2005. Ministrou aulas de italiano em cursos de extensão universitária na USP e na PUC-SP. Atua como professora de educação infantil na rede pública municipal de ensino de São Paulo desde 2002. Tem experiência nas áreas de Letras e Educação, com ênfase nos seguintes temas: didatização de materiais para o ensino-aprendizagem de italiano e de português, estilos e estratégias de aprendizagem e pedagogia pós-método.

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