Uma das funções da escola básica é a inserção das gerações na cultura. Nas escolas públicas brasileiras, em que a grande maioria do alunado é oriunda das classes mais populares e desprovidas de possibilidades e oportunidades de interação com comunidades além do seu universo restrito, é fundamental que o espaço escolar funcione como um locus de ampliação de horizontes, de partilha de saberes e de abertura ao diverso e ao novo. É geralmente na escola que o(a) jovem tem a oportunidade de aprender a lidar com um mundo globalizado, em que diferentes povos, culturas, olhares e perspectivas se aproximam e convivem no encontro das diferenças.
Foi pensando nisso que criamos o projeto de extensão “Ampliando Horizontes: culturas de língua francesa e de língua italiana ao alcance dos alunos secundaristas”1 cujo objetivo foi levar as culturas francesa e italiana a alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Almirante Barroso, em Vitória (ES).
Nesse sentido, nosso intuito foi o de ampliar os horizontes, de modo que a cultura francesa e a cultura italiana estivessem ao alcance desses alunos. Para tanto, formamos e coordenamos uma equipe de trabalho composta por estudantes do Ensino Médio, por uma professora da escola e por graduandos dos cursos de Letras Português-Francês e Letras Português-Italiano da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
Ao longo deste ano, participaram do projeto: Igor Marcolino de Oliveira Barcelos, Luan Machado Mancini, Yasmin Torquato Alves, Lucas Eduardo Toledo, Anna Clara Bandeira Machado e Ryan da Silva Félix Barbosa (alunos secundaristas); Neuza Soares (Professora da Escola Estadual Almirante Barroso; Italo Costermani e Lucas Araújo (graduandos em Letras/Português-Francês/Português-Italiano).

Foto 1 – Primeiro programa de rádio
Como resultado do projeto o grupo produziu, quinzenalmente, um programa de rádio e, mensalmente, um jornal mural cujas temáticas passavam por elementos referentes aos países de língua francesa e italiana por meio do viés literário, musical, artístico, cinematográfico, linguístico etc.
Tais conteúdos foram trabalhados em forma de quiz; resenhas literárias e cinematográficas; opiniões sobre músicas, filmes e livros; relatos de experiência; notas biográficas, bibliografias sobre autores, autoras e artistas; entrevistas com personalidades de interesse para o projeto; bem como aspectos históricos; aspectos interculturais Brasil-França e Brasil-Itália, inclusive tratando da formação multicultural no processo de imigração e transferências culturais para a formação do povo capixaba.
O projeto visou a motivar a participação dos graduandos em um projeto de Extensão e, desse modo, entrar em contato com a realidade escolar ainda durante a graduação. Além disso, objetivamos que todos os agentes envolvidos no processo de sustentação da Universidade Pública, Gratuita e de Qualidade fossem protagonistas nos pilares que promovem a construção e a divulgação do saber produzido na UFES.

Foto 2 – Primeiro jornal mural
A ideia foi estabelecer o diálogo com a sociedade, por meio dos temas relevantes para a educação, para a cidadania, para a formação humana e voltada para uma cultura de paz. Esta ação extensionista pôde em muito contribuir para o fortalecimento dos cursos de Licenciatura Dupla Português e Francês e de Licenciatura Dupla Português e Italiano da UFES.
É mister trabalhar para que a Universidade proporcione não apenas o ensino de idiomas à comunidade, mas que também possibilite o acesso a línguas e culturas que, em geral, não chegam às massas. É preciso que os alunos de escola pública ampliem seus horizontes, suas perspectivas, suas concepções de mundo, algo que só é possível realizar por meio de projetos como este. Vale ressaltar que a comunidade capixaba manifesta imenso interesse pela francofonia e pela cultura italiana. É um direito dos alunos de escola pública também terem acesso a esses conteúdos, reservados na maioria das vezes a uma elite.
1 Este projeto de extensão foi apoiado pela Pró-Reitoria de Extensão (PROEX/UFES).
Como citar este artigo (ABNT):
| PORSETTE, Igor; PAIXÃO, Grace Alves. Culturas italiana e francesa na escola: uma experiência em vitória (ES). Observatório do ensino de italiano no Brasil/EIIPIB_virtual [blog]. Publicado em 05 de novembro de 2019. Disponível em: <http://www.eiipib.org/wordpress/?p=1995>. Acesso em: dia mês ano (em que voce acessou o artigo) |
Sobre o autor:
Igor Porsette é licenciado em Letras Português e em Letras Italiano pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Especialista em Fundamentos em Práticas Interdisciplinares pela Faculdade de Educação da UFJF; Mestre e Doutor em Letras Neolatinas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atua como Professor Adjunto I na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e, na graduação, ministra disciplinas de Língua Italiana, Literatura Italiana, Linguística Aplicada e disciplinas relativas ao Ensino de língua estrangeira.
Sobre a autora:
Grace Alves da Paixão é Bacharel e Licenciada em Letras Português e em Letras Francês pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre e Doutora em Estudos Linguísticos, Literários e Tradutológicos em Francês pela Universidade de São Paulo (USP) e Pós-Doutora pela UFES. Atua como Professora Adjunto II na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e, na graduação, ministra disciplinas de Língua Francesa e Literaturas em Língua Francesa e disciplinas relativas ao Ensino de FLE e estágio. Assessora de Língua Francesa no Núcleo de Línguas da Universidade Federal do Espírito Santo.







Lista de escolas estaduais que oferecem língua italiana nos seus respectivos Centros de Estudos de Línguas (CEL) no primeiro semestre de 2018, conforme a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo.











